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30 de jul. de 2009

No garimpo...

Vitral do Mercado Municipal Paulistano
Foto: Marli Reis


“Para que possamos compreender melhor a necessidade de vencer a si mesmo em cada ato de autêntico perdão, temos que levar em consideração o que já dissemos sobre como, em um ato de perdão, ocorre a penetração das forças e substâncias do Eu Superior no eu inferior. Isso vem sempre associado à necessidade do homem de vencer simultaneamente todas as tendências de seu eu inferior que o fazem fracassar. Porque somente quando as forças deste último (o eu inferior) tenham sido vencidas suficientemente através da vontade moral do homem, poderá o Eu Superior desenvolver sua atividade. Isso significa que o perdão tem sempre caráter de sacrifício.


Também o seu grau de atuação oculta – da qual falaremos mais adiante - é determinado, em primeira instância, precisamente pela dimensão do seu espírito de sacrifício, como se explica na subjugação – ainda que parcial – do Eu Superior sobre o eu inferior. Porque o eu inferior, devido às forças do egoísmo que constantemente lutam dentro dele, resiste ao perdão de todas as maneiras possíveis e se agarra a cada oportunidade ou desculpa para evitar aceitar este passo interior. Por sua própria natureza, o eu inferior do homem está sempre inclinado ao rancor e nunca está disposto a perdoar “voluntariamente”; vê cada ato de esquecimento como algo que fere sua integridade puramente egoísta.


A segunda qualidade principal do verdadeiro perdão é sua própria atividade interior. O verdadeiro perdão – diferentemente do falso – nunca pode ter caráter passivo. Porque não tomamos simplesmente a decisão de “esquecer” a perda ou injustiça que nos tenham cometido, mas que, além disso, tomamos internamente para nós mesmos a obrigação de retificar esse dano objetivo que a má ação produziu, não só para nós, mas para o mundo. Em outras palavras, no verdadeiro perdão, que parte voluntariamente de nossa liberdade interior, tomamos sobre nós a obrigação – até onde nossas forças o permitem – de dar ao mundo tanta compaixão, amor e bondade quanto o prejuízo causado.”


Sergej Prokofieff


Do livro: O SIGNIFICADO OCULTO DO PERDÃO, capítulo VI, página 1)



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Em outras leituras sobre assuntos correlatos e também em palestras das quais participei como ouvinte onde se discorria sobre qualidades espirituais, foi possível fazer uma ligação clara com tudo o que este livro transmite.


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