Outro olhar
Fotografia: Marli Reis
AS DUAS SOMBRAS
Olegário Mariano
Na encruzilhada silenciosa do destino,
Quando as estrelas se multiplicam,
Duas sombras errantes se encontraram.
A primeira falou: - Nasci de um beijo
De luz, sou força, vida, alma, esplendor.
Na encruzilhada silenciosa do destino,
Quando as estrelas se multiplicam,
Duas sombras errantes se encontraram.
A primeira falou: - Nasci de um beijo
De luz, sou força, vida, alma, esplendor.
Trago em mim toda a glória do desejo,
Toda a ânsia do Universo... Eu sou o Amor.
O Mundo sinto exânime a meus pés...
Sou Delírio...Loucura... E tu, quem és?
- Eu nasci de uma lágrima. Sou flama
Do teu incêndio que devora...
Vivo, dos olhos tristes de quem ama,
Para os olhos nevoentos de quem chora.
Dizem que ao mundo vim para ser boa
Para dar do meu sangue a quem me queira.
Sou a Saudade, a tua companheira
Que punge, que consola e que perdoa...
Na encruzilhada silenciosa do Destino,
As duas Sombras comovidas se abraçaram
E de então, nunca mais se separaram.
***
Um pouco de:
Olegário Mariano (O. M. Carneiro da Cunha), poeta, político e diplomata, nasceu em Recife, PE, em 24 de março de 1889, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de novembro de 1958.
Sua poesia falava de neblinas, de cismas e de sofrimentos, perfeitamente identificada com os preceitos do Simbolismo, já em declínio.
Foi eleito, em 1938, pelos intelectuais de todo o Brasil, Príncipe dos Poetas Brasileiros.
Sua poesia lírica é simples, correntia, de fundo romântico, pertinente à fase do sincretismo parnasiano-simbolista de transição para o Modernismo.
(Fonte: bíblio - A Biblioteca Virtual de Literatura)
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